domingo, 12 de abril de 2009

Domingo de Páscoa

Em meio ao aumento no consumo de ovos de chocolate, pescados e outros produtos típicos, a Páscoa, assim como o Natal, também começa a perder forças ante o capitalismo. O consumismo toma o lugar das reflexões que deveriam ser feitas na data de hoje e durante todo o tempo da Quaresma. Assim, de data religiosa, feriado em respeito à morte e ressurreição de Jesus Cristo, a "passagem" torna-se símbolo do regime mais cruel de todos os tempos, que aumenta, significativamente, as diferenças sociais ao ponto de pessoas padecerem de fome ou recolherem seus alimentos no lixo.

Juntamente com a gula, um dos sete pecados capitais, estimulada externamente pelos artifícios de marketing, e com a falta de fé que permeia os lares no Brasil e no mundo, a Páscoa virou apenas mais um "feriadão", que se espera, em breve, seja cortado pelo Congresso Nacional para que o Brasil deixe de ser um País de feriados e regalias ao poder público. A paixão de Cristo perdeu seu significado, juntamente com a diminuição no número de católicos e cristãos - guiada pelos exageros dogmáticos da Igreja que, na sociedade moderna, tenta impingir pensamentos arcaicos.

Embora a morte de Cristo na cruz simbolize a remissão dos pecados, os fiéis não aparentam o devido preparo para entender a complexidade dos atos que guiam a vida dos homens desde os primórdios da humanidade. A fé tem a capacidade de mover montanhas, mas não move as oscilações nas bolsas de valores do mundo e, muito menos, ajuda a contornar os problemas ocasionados pela crise que afeta o mundo e começa a jogar seu manto sobre o Brasil. Infelizmente, ao que tudo indica, os pensamentos humanos nesta Páscoa de reflexões estão voltados ao lado financeiro, pois sem dinheiro, muitas famílias que antes tinham condições econômicas estáveis, amargam a infelicidade de não poderem dar ovos de Páscoa aos seus afetos.

É preciso enxergar além do chocolate e da gula neste feriado e entender que o mundo sem fé não será mais mundo, e que sem o respeito às diferenças, a humanidade se dizimará. Nada mais sensato do que examinar as guerras que ocorreram e ainda ocorrem, como o conflito na Faixa de Gaza e seu extremismo religioso, para extrair lições de vida.

Ter fé é, acima de tudo, respeitar o próximo, seus pensamentos, sua maneira de ser e de agir, independentemente de posições incutidas pela moral ou pela própria fé. Resgatar o significado da Páscoa passa, necessariamente, pelo resgate dos valores humanos que se perderam ao longo dos anos.

(Obs: Retirado do Editorial Folha da Região, 12/04/2009)

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